Strasbourg, le 17 février 2000
Dupuis (TDI). - Monsieur le Président, je ne vais pas répéter la prémisse de tout à l'heure: je pourrais être accusé de publicité abusive. Sur la question "Angola", je pense qu'un premier résultat, c'est d'avoir finalement une résolution. Ce n'était plus arrivé dans notre Parlement depuis très longtemps. Donc, je la salue en tant que telle. Je crois que l'Union européenne et l'Occident, en général, prennent, depuis un certain temps, M. Savimbi sous leurs tirs croisés, sans discrimination aucune, mais que la corruption est désormais telle dans le régime de M. Dos Santos que même ses amis de longue date commencent à peiner pour faire comme s'ils ne voyaient rien. Alors, je crois qu'il est urgent d'en arriver à être en mesure de faire une résolution politique générale, où nous pourrions aller au fond des choses, en particulier aussi sur des choses assez inquiétantes, dont on parle, un appui logistique donné, au niveau des services de renseignement, par les États-Unis et par la Grande-Bretagne, par exemple, la c
orruption généralisée du régime liée aux entreprises multinationales du pétrole, et beaucoup d'autres choses, certainement très "savoureuses", qu'il faudra approfondir.
Soares (PSE). - Senhor Presidente, Senhores Deputados, concordo em absoluto com a resoluçao que está em discussao neste Parlamento, e concordo porque a situaçao de repressao em relaçao aos jornalistas, quer angolanos quer correspondentes estrangeiros em Angola, é qualquer coisa de escandaloso e muito grave que nao podemos deixar passar em claro. Mas essa resoluçao é insuficiente, porque realmente parte do princípio que Angola é um Estado de direito que apenas impoe certas dificuldades aos jornalistas e os reprime. Mas a situaçao nao é essa. Angola nao é um Estado de direito, é uma ditadura repressiva. Angola está em guerra, uma guerra cruenta que se prolonga. E a teoria vigente de que é preciso esmagar e eliminar fisicamente o adversário para chegar à paz é uma teoria que nao podemos aceitar. Por isso, os repetidos apelos da igreja angolana, os apelos que ontem fizeram, por exemplo, Mandela e Mebeki para que haja de novo negociaçoes a fim de se chegar a uma situaçao de paz sao apelos que devem ser secundados
por este Parlamento. Devemos aqui fazer, como já foi dito por outro colega, um debate geral sobre Angola, e nao somente sobre o estado de certos jornalistas vítimas de repressao em Angola. Ainda hoje, por exemplo, tive uma informaçao de Rafael Marques, sobre o qual se está a falar, directamente dada por ele, e segundo a qual foram ontem presos dois correspondentes da televisao portuguesa em Angola. Portanto, estes casos estao a repetir-se. Mas o pior é que a situaçao de Angola nao tem saída. E o silêncio das grandes potências e o nosso próprio silêncio sao suspeitos e beneficiam um regime de corrupçao, de violência e de guerra. Gostaria de chamar a atençao para o facto de que a guerra de Angola está a alastrar a outras regioes de Africa, está relacionada com a guerra nos Congos, está relacionada com o que se está a passar na Namíbia, está relacionada com o que se passa na Zâmbia, e agora, também, no Zimbabwé, onde Robert Mugabe acaba de perder o seu referendo exactamente por ter intervindo com tropas do seu
país nos Congos para salvar Laurent Kabila, que nao tem salvaçao possível. Em Angola há dois partidos, ou dois grupos armados: um, que goza dos benefícios do petróleo, que é o MPLA; outro, o bando armado do senhor Savimbi, que tem os benefícios dos diamantes. E à custa do petróleo e dos diamantes vao conti-nuando com a guerra, uma guerra que, como disse, é terrível, que tem provocado milhoes de desalojados, que deixa as populaçoes à fome e que tem provocado uma situaçao crítica e trágica em Angola. É preciso pôr-lhe termo. E a autoridade deste Parlamento pode ser importante se realizarmos aqui um grande debate sobre a situaçao em Angola, também extensivo a toda a Africa Austral.