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OPRESS O EXPOSTA

Fanáticos islâmicos do Afeganist o prendem estrangeros por filmar mulheres em hospital

Lizia Bydlowski

Veja, 8 de outubro 1997

Até para o atrasado Afeganist o, país do centro-oeste da sia dilacerado pela guerra civil há quase duas décadas, o Taliban, grupo fundamentalísta islâmico que tomou a capital, Cabul, há um ano, foi um choque. Atracado as tradiç es dos vilarejos onde surgiu e se firmou, o grupo rebelde que tomou o poder impôs à cidade a vers o mais severa, tacanha e radical da sharia, o conjunto de leis e regras de comportamento prescritos para os muçulmanos. Da noite para o dia, proibiu as mulheres de sair de casa sozinhas, impôs um rígido código de vestuário e disparou chicotadas e amputaç es para castigar quem sai da linha. Como a dissoluç o da Uni o Soviética eliminou a importáncia estratégica do país, que chegou a ser invadido pelo Exército Vermelho no tempo do regime comunista, nenhum governo ou ONG se preocupou em pedir sanç es internacionais contra o barbarísmo. Uma amostra, pequena, da truculência do Taliban só ganhou destaque na semana passada porque atingiu uma personalidade estrangeira e importante. A italiana Em

ma Bonino, a comissária para assuntos humanitarios da Comiss o Européia conhecida por n o ter papas na língua, foi detida junto com dezenove jomalistas. Ela e o grupo, íncluindo uma equipe do canal de noticias CNN, passaram pouco maís de três horas no quintal quente e empoeirado de uma delegacia. 0 crime: filmar e fotografar mulheres. Emma Bonino visitava um hospital feminino em Cabul - onde o serviço de saúde, como tudo o mais, é inteiramente segregado por sexo - para atestar o bom uso da verba de 40 milh es de dólares que a Comiss o Européia doou ao Afeganist o. A equipe de jornalistas que a acompanhava foi flagrada filmando e fotografando as pacientes, num lugar onde reproduzir a figura humana é crime e a da mulher, anátema. Os guardas do Ministério da Propagaç o da Virtude e de Combate ao Vicio, que est o por toda parte, n o titubearam deram ordem de pris o ao grupo inteiro. "Fiquei apavorada, pois eles estavam armados e apontavam para nós seus fuzis Kalashnikov", contou depois Bonino. "Esse foi um exemp

lo de como vive o povo daqui, em situaç o de terror generalizado", declarou a italiana, ela mesma de calça comprida, cabeça só ligeiramente encoberta por um lenço e fumando sem parar - um desafio ambulante ao regime. "Os visitantes tém de respeitar os costumes dos países que visitam", retrucou impávido, em Cabul, o ministro da Cultura e da Informaç o, Amir Khan Mutaqi. Por costumes, Mutaqi se refere á montenha de regras que o Taliban despeja quase que diariamente sobre a populaç o dos tres quartos do país sob seu controle. Os homens s o obricados a usar calças largas, túnica, turbante e barba cerrada de no mínimo 15 centímetros. Se pegos roubando, tem a m o decepada. 0 regime proíbe música, cinema, televis o, jogos de cartas e até criar pássaros e soltar pipas. A única rádio ainda no ar, Rádio Sharia, transmite apenas rezas e mais decretos. A situaç o das mulheres é muito mais sufocante. A partir da adolescencia, n o podem nem falar com homens, exceto parentes próximos. S o impedidas de trabalhar e estudar.

Só saem á rua por um motivo justificado, assim mesmo acompanhadas de um parente e cobertas da cabeça aos pés pelo burqa, o manto de cor clara que envolve o corpo todo - um pequeno círculo, á altura dos olhos e do nariz, permite a vis o através de uma tela, protegida por um tecido maís fino. Meías brancas, "muito provocantes", s o proibidas. Os principios da sharia s o aplicados em países como a Arábia Saudita e o Ir , mas o primitívísmo do Taliban provoca críticas até de quem menos se espera. "Infelizmente, em alguns países islámicos as leis se místuram a tradiç es e a uma cultura que n o est o de pleno acordo com as leis do Cor o", condenou, na quarta-feira, Fatemeh Rafsanjani, filha do ex-presidente iraniano Hashemi Rafsanjani.

 
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